terça-feira, 10 de março de 2009

Diário de BsAs, 6ª (e última) ediçao.

Tô dividida!

Por um lado, morrendo de vontade de voltar pra casa, ver meus amigos (que me fizeram tanta falta), começar o último semestre de aulas na faculdade, voltar pro trabalho, começar a colocar o "ano" em ordem e preparar o espírito para a volta do meu moreno no final de semana seguinte ao próximo...

Por outro, ai que preguiiiiiiiça!
Quanta coisa! Tenho a sensaçao de que algo vai me engolir, e quando me der conta já vai ser natal de novo, vou ter me formado... affe! Adulta, adulta mesmo! Definitivamente! Que saco!

Ah.. sim, Buenos Aires.
"Noves fora", descobri que dá pra se virar sozinha em um país diferente, mas que o legal mesmo é conhecer alguém antes de ir;
que a comida aqui é boa sim, mas nao em qualquer lugar, e que pode custar valores bem diferentes de um pra outro;
que mesmo sendo uma cidade bem grande, as pessoas tendem a ser amáveis com os turistas (um pouco diferente da cidade turística de onde eu venho);
que existem mais opçoes de misturas com dulce de leche do que eu jamais poderia imaginar;
e que, quanto mais longe vc está, melhor é a sensaçao de voltar pra casa!

Bom, se vcs me dao licença, tenho que me despedir do amante italiano que arrumei por aqui, o Freddo (http://www.freddo.com.ar/).

Até logo! (que agora se define como "já nem sei quando").
Besos porteños

domingo, 8 de março de 2009

Diário de BsAs, 5ª ediçao.

Ontem fui ao Palermo Soho.
Acho que, se vivesse aqui, frequentaria bastante aquela regiao. Pelo menos pra comprar roupas e acessórios... hehehh

De volta à minha vizinhança, fui dar uma volta pelo parque e armou o maior temporal. Cabei entrando em um cinema e decidindo meu final de tarde por ali mesmo. "He's just not that into you" era o filme. Isso mesmo: "Simplesmente no te quiere!". Assim... uma comédia romântica como quase todas, mas que (e isso é segredo) acabou me fazendo pensar sobre algumas atitutes de vários moçoilos com quem já saí. É muito brega se ver em uma história de filme, né? Pois é... tive meus momentos ridículos ali... compartilhados com um saquinho de skittles e uma coca-cola. Mas passou. Quase tudo... eu juro!

A noite, fui ao famoso café Tortoni. Muy lindo. Mas aconselho apreciar com companhia.

Passei o domingo na Recoleta. Nao poderia ter ficado em um bairro melhor. Sério!
Tem uma praça grande, em frente ao Hard Rock café, que uns dizem que chama Francia, mas que tem placas de Int. Alvear... Sei lá. Ainda nao me adaptei totalmente à geografia do lugar.
Nos sábados e domingos rola uma feira de artesanato bem bacana, e vários shows: clowns, bandas de tudo quanto é estilo, marionetes...
Comprei alguns "regalos", vi alguns shows, conheci umas americanas (e tive que sambar ao som de Daniela Mercury pra que acreditassem que eu era brasileira) e uns carinhas de uma banda que toca axé (todos argentinos, vocalista bahiano - que foi quem confirmou, pelo meu "samba", que eu era brasileira... heheheh).

Um ótimo domingo. Tô sentido falta de casa, mas acho que vou ficar com saudades da Recoleta.
Buenos...
Agora falta pouco!
2 dias de trabalho e 2 vôos rumo a minha ilha adotiva!

Ahh... Ontem foi aniversário do meu pai.
"Véio, te amooo!!!"
Besos

Diário de BsAs, 4ª ediçao

Sexta-feira me passou uma, no mínimo, diferente.

Voltava de Puerto Madero num final de tarde e parei em uma praça pra tirar uma foto de uns prédios cuja iluminaçao ficava bem interessante.
SIM... antes de pegar a câmera, me certifiquei e vi que havia um carro da polícia a 50m de mim.

Depois de tirar a 3ª ou 4ª foto, um "negócio" pulou em cima de mim e tentou arrancar a camera da minha mao.
A cordinha ficou presa no meu pulso, entao ele gentilmente me deu um soco na cara e conseguiu tirar a câmera e sair correndo.

Fiquei morrendo de raiva. Que audácia!!! Saí correndo atrás do guri e gritando por "ayuda!!!".
Os policiais estavam perto e começaram a apitar.
Um deles correu comigo e qdo estávamos qse chegando no pivete ele atravessou uma avenida tri movimentada q nem um louco.
Nisso, uns 2 caras que estavam sentados em um bar e cara que tava no ponto de onibus começaram a correr atrás dele também.
O moleque se enfiou centro a dentro e eu e o policial continuamos correndo (minhas pernas doem até agora.. hehehe).
Chegamos em uma esquina onde havia 2 velhinhas. Uma disse que foi pra um lado, outra disse que foi pro outro. Hmpf... "Gracias!". O perdemos.
Voltávamos pra praça, ele meio que se justificando que esse tipo de coisa nao costuma acontecer por ali, com tanto policial, e eu pensando que devia pelo menos ter baixado algumas das fotos que tirei.
Dobramos uma esquina e me aparece o cara do ponto de ônibus com minha câmera na mao...
Dá pra crer? Nao, sério... dá pra acreditar?
Me entregou a câmera, nao quis aceitar nenhum "agradecimento". Disse que ele e os caras do ponto de ônibus tavam qse pegando o moleque, entao ele jogou a câmera em uns sacos de lixo e continuou correndo.
Agradeci mil vezes, em todos os idiomas que vcs possam imaginar.
Quando passamos pelo bar, os caras (vários, todos muito preocupados) nem me deixaram falar. Me deram um papel com o nome, endereço e telefone do moço do ponto de ônibus, caso a gente nao tivesse encontrado com ele.
Acabou que o policial me acompanhou até o metrô. Me deu um beijo no rosto (pq sim, isso aqui é mais comum do que no Brasil... até entre homens) e me falou pra ter cuidado.

No final das contas, me sobraram um roxinho no lado do rosto que já tá desaparecendo, uma boa noçao da bondade dos argentinos, um certo medo de andar por algumas praçar e a câmera fotográfica.
Acho que saí ganhando.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Diário de BsAs, 3ª ediçao.

Nao há negros em Buenos Aires.
Pelo menos nao pelos lugares que andei. Os que achei, eram turistas ou uruguayos.

O que tem sim é muito cachorro de estimaçao. E pelo jeito nenhuma lei de recolhimento das "obras" dos bichanos. Uma pena... mas em algumas praças o cheiro de cocô de cachorro é bem forte.

As noites têm sido quentes, estreladas e muito agradáveis.
Sempre muita gente alegre nas ruas.
Um estilo de vida cosmopolita, porém leve... Acho que já fui assim um dia.

As ruas sao largas e bem organizadas. Vindo de uma cidade pequena (pq sim, Floripa é pequena) dá um medo de ser atropelada...

Ultimamente já me pareço mais com a cidade. As pessoas já nao me tratam como turista no primeiro contato. Sóóó depois que escutam meu español...

Hoje, aula de tango. No final de semana... os últimos passeios turísticos dessa viagem.
Tá acabando, gente. E passou rápido.
Besos

Religiao nao se discute. No entanto, as consequências de atos religiosos sempre dao muito o que falar.

Uma vez, na faculdade de Educaçao Física, um professor de cultura religiosa me disse que o princípio básico do Cristianismo era "amor e perdao". Simplificou a minha vida.
Também nessa aula, entendi que a fé é um guarda-chuva que uma pessoa usa para se proteger das coisas que considera ruins. E que, se você confia no seu guarda-chuva, estará protegido. Por fim, que debaixo dele, seus atos devem ser condizentes com os valores que pertencem ao guarda-chuva.
Agora fazer com que todo mundo tenha um igual ao seu e se comporte da mesma maneira é utópico, e desnecessário.

Um bispo da igreja católica excomungou mae e filha e uma equipe médica responsável pelo aborto dos gêmeos da menina, que tinha 9 anos e foi estuprada pelo padrasto. Segundo a igreja católica, aborto é assassinato. "Nao matarás", diz a tabla. Seguindo a ordem, "nao cometerás adultério" ou "nao pecarás contra a castidade" vem logo em seguida. Porém, o bispo afirma que o padrasto, apesar de ter cometido um grande pecado, nao fez o suficiente para ser excomungado.
Hmm... deixa ver se entendo. Tentar ajudar a guria interrompendo uma gravidez que poderia literalmente tirar sua vida ou, no mínimo, colocar no mundo duas crianças destinadas à marginalizaçao é motivo para tirar o direito dessas pessoas de "passar a vida eterna ao lado de Deus". Causar tudo isso na vida de uma criança e ainda, de lambuja, trair a esposa, bem, isso dá pra perdoar.
Seguindo pela lógica da ordem dos mandamentos fico mais perdida ainda.
Nao tomar o Santo Nome em vao é o segundo da lista. Vamos contar aqueles que, em nome do Senhor, cometem aberraçoes contra a humanidade? Falta dedo, né? Quem tá encarregado de excomungar esse povo todo aí? Melhor correr...

Isso aqui nao é nenhum manifestaçao a favor do aborto ou contra o catolicismo. É somente um esforço pra entender a lógica de premiaçao e puniçao de algumas entidades.

A gente é bombardeado por milhares de regras e de coisas permitidas-proibidas na vida em sociedade. Grande parte delas estao diretamente atreladas aos mandamentos da Igreja Católica.
Nao estou aqui para contestar nenhum deles.
Mas depois daquela definiçao tudo ficou muito mais claro. Amar e perdoar sao gestos que te fazem ser bom e tolerante com o próximo. Uma porçao generosa de bondade e tolerância fariam o mundo girar pra outro lado.
Mas esse é só o meu guarda-chuva. O máximo que posso fazer é aconselhar as pessoas a encontrarem os seus, e nao saírem de casa sem eles.

terça-feira, 3 de março de 2009

Diário de BsAs, 2ª ediçao.

Se você fosse você e nao me conhecesse bem, me convidaria pra almoçar?
...

No mais, gostando bastante da cidade sim.
Principalmente da intensidade dos argentinos. É diferente... a eles tudo "encanta", "es muy rico", "es lo mas divertido"... vocês "no van a creer!"...

Dá pra entender parcialmente a "febre de buenos aires" que muita gente pega quando vêm pra cá. Acho que tem a ver com o jeito de comunicar dos argentinos. Tudo muito intenso. "Un espeCtáculo!".

Escreveria mais, mas fiquei de me levar pra almoçar. Tenho me feito muita companhia ultimamente. Sou legal, quase na maioria das vezes. To descobrindo cada coisa...
Até mais!
besos

Você tem medo de que?

Medo. Ta aí uma das coisas mais relativas que conheço. Varia de complemento nominal (quem tem, tem de alguma coisa) e de intensidade pra cada um. E vai de temas completamente subjetivos, como o “medo do desconhecido”, até o objetivo inegável: o desconhecido, segurando uma arma apontada pra tua cabeça, por exemplo.


Uns dizem que enfrentá-lo (o medo!! Nunca enfrente desconhecidos que te apontam armas!) é a única forma de ser livre. Mas mesmo assim, lidar com ele não significa que ele vai deixar de existir.


É uma ferramenta essencial pra sobrevivência, afinal, sem ele nos privaríamos de algumas limitações e viveríamos como cartoons (que, aliás, estão cada vez mais neuróticos, indestrutíveis e chatos); a diferença é que, se o coiote cai de vários metros de altura perseguindo o papa léguas e sofre apenas um achatamento temporário na cabeça, comigo eu não tenho certeza se seria bem assim.

Também é uma escada rolante pra insanidade, dependendo de o quão prejudicado é cristão.


Intrigante é que, procurando direito, sempre se encontra o motivo pelo qual o ritmo cardíaco dispara, se treme involuntariamente de dentro pra fora, as pupilas se dilatam e a gente começa a prender a respiração. Mas mesmo assim, encontrar a explicação racional pra um medo em absoluto significa que ele vai deixar de existir ou se amenizar. Haha... E a gente sempre tentando racionalizar o medo dos outros e tentar fazê-los entender de que tá tudo bem, o escuro é só ausência de luz, uma barata é só um inseto e uma injeção é só uma picadinha. Tenta você dizer pra si mesmo que “não dá nada” e vê se te convence!


Filosofias a parte, compartilho alguns medos agora (afinal, pra que mais serve um blog do que pra repartir os mais embaraçosos defeitos, escondidos atrás da pose de “eu sou normal, tenho problemas, mas pelo menos os (des)escrevo bunitinho”?).

  • Tenho medo de cobras. Medo paralisante. E, por favor (por favor), nem pense em brincar com esse. Fico de muito mau humor quando me assusto.
  • Tempestades em mar aberto me deixam em pânico (e a quem não deixam?). É o que me faz fechar os olhos e me encolher no ombro do namorado no cinema ou no sofá.
  • Também me apavora a probabilidade de ficar sem ar. Não chega a ser claustrofobia (ainda), mas já fico meio incomodada em entrar em túneis, cavernas muito profundas ou muito estreitas... Submarinos? Dopada e amarrada, quem sabe.
  • E, por fim, e talvez o mais vexaminoso, depois de alguns desfechos não muito felizes em relacionamentos anteriores, experimento um medo constante de que my-beloved-one simplesmente se vire pra mim e diga: “Quer saber? Cansei!”. Não é um medo tão forte quanto o de dar de cara com uma serpente, estar presente em um naufrágio ou ser enterrada viva, mas é o mais presente.

E não é nem que eu ache que não consiga sobreviver ou coisa assim... Mas, como já disse, por mais que tenha tudo muito racionalizado, o medo simplesmente não vai embora.

Bueno... pessoas têm medo de coisas que pessoas nem imaginam. Minha tia tem medo de escada rolante. Meu irmao tinha medo do chupa-cabras. Eu tenho medo de submarinos... E você? Tem medo de que?