quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Celina Célia... “Célia pros amigos e Celina pros inimigos!”

E só foi inimigo quem ela bem quis que fosse!

Com ela não tinha frescura não, ou te gostava e te adotava na hora, ou não ia com as tuas fuças logo no primeiro nariz torcido e te tratava com muita educação, até que pisasses nos calos dela.

Mas ela muito mais adotou do que precisou ser diplomática... e por esse jeito carinhoso e espontâneo de fazer as pessoas se sentirem em casa é que, no último sábado, a vó Célia, a mãe Célia, a madrinha Célia, a tia Célia, a irmã Célia deixou uma porção de netos, filhos, afilhados, sobrinhos e irmãos com o coração apertado de uma saudade que tá só começando... fossem esses parentes de sangue ou “piolhos pegados”, como ela costumava dizer.

Aliás, ela tinha muitos dizeres. Coisas de vó, sabe como é:

“Se o chá não tiver bastante açúcar, não faz efeito!”

“Toma um cafezinho com manteiga que já, já a tosse passa!”

“O te tu fazeu pá éia?" "Num seeeei, pidunta pá éia!”

"Com quem que ele é parecido?..." (sem-pre tinha alguém!)

“Davião marvado foi imbora i mi dexô na sôidão, na sôidão!”

"Boa noite, dorme com os anjinho!" "Com o joãozinho?"

“Eu vô casinha minha!”

“Ele não se mete com a Célia que ele não é bobo!”

Sabe esse meu jeito espevitado, nariz empinado? Culpa dela! Dizem as boas línguas que herdei também o gosto por um bom dançador e pelo bendito cigarrinho que ela sempre tinha do lado. “Vamo queimá o bico?”. Acho que até o dentinho torto que ela tinha mais nova eu acabei copiando.

Olha, a Dona Celina, quando baixava, não era nada fácil não. Quando encasquetava que seis não era meia dúzia... mas não tinha Cristo!

Mas o que vai ficar mesmo são os verões na casa de Gravataí, ela narrando os desfiles de moda, o comentário de cada “piolho pegado” que lhe era apresentado e aquele jeito sempre (sempre) muito (muito) alegre de cativar as pessoas. Não teve quem conheceu que não lembre dela. Ela sempre fez questão de marcar presença, e sempre conseguiu. Sempre com um batonzinho no bolso, que era de lei!

Pra nós agora ficam essas boas lembranças, a eterna gratidão por tudo (tudo) que fez por nós e a saudade da “vó de perto” (agora só ficou a “vó de longe” e a consciência de que preciso ficar mais com ela também!).

Ô minha véia... E vai ser grande essa saudade! Agora tá tudo bem. Fica em paz. Te amo.