segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Chegou o dia D

A medida em que a gente vai virando gente, vai ganhando, perdendo, adicionando e cortando pedaços. Esses pedaços definem não somente quem você é, mas como sua vida pode ser.

Hoje, fiquei sem 2 pedaços. Só 2, dos incontáveis que me fazem quem sou. Mas 2 que fizeram um buraco, hoje, maior do que eu. Não perdi nem cortei esses pedaços. Só não os tenho mais perto de mim.

Minha tristeza hoje é fruto do mais puro egoísmo. Esses 2 pedaços partiram para uma nova aventura, para um futuro bom e próspero. Como qualquer um que ama genuinamente, meu coração está feliz por eles. Mas está triste por mim. E por outros 5 pedaços também meus que dividem comigo esse vazio de hoje. Egoísmo nosso, justificado nas palavras de Oscar Wilde, que define esse substantivo não como viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos.

Como bons seres humanos adaptáveis, sabemos que a tristeza vai se diluir logo, a saudade vai deixar de doer e, em breve, estaremos dividindo nossas vidas de novo sem a lembrança da partida ou da distância. Tenho experiência nisso. É plenamente possível fazer parte da vida de alguém que está em outro continente, e "afego" não é inversamente proporcional à distância.

Clá,

Quando eu morri, apesar da brincadeira, você me disse coisas marcantes. Uma delas, foi que era uma pena ter acontecido tão rápido, porque você não teve tempo de me dizer o quanto aprendeu comigo. Gata, algumas das maiores lições que absorvi nesses últimos 2 anos foram com você. Principalmente, aprendi que não importa o quanto você pensa que é diferente de uma pessoa, não importa o quanto as primeiras interações sejam desastradas ou desconfortáveis, vale a pena ficar e conferir como ela pode ser tudo que você precisa em vários momentos. A tua presença espontânea, leve, ácida e frenética foi meu conforto inúmeras vezes. Obrigada pelas crises de riso e por me fazer ir ao Beto Carreiro. Você é meu pedaço colorido.

Ty,

My work husband. É complicado ficar me declarando pra você sabendo que tua noiva e meu namorado passam por aqui com frequência. Mas não é segredo pra ninguém que você é um dos caras mais importantes da minha vida. Tua amizade tem uma importância imensurável pra mim. Você sabe quando falar comigo ou não. Você sabe quando eu to com cara de quem vai virar abóbora. E você até joga sinuca um pouco melhor do que eu! =p. Nos últimos tempos, aliás, em todos os tempos que eu lembro, nosso trabalho significou energia, tempo, responsabilidades e preocupações um pouco acima do que estávamos acostumados. Não sei se teria sobrevivido sem ti. Não porque não teria competência, mas porque não teria sanidade e humor pra isso. Dizer obrigada pra você por cada coisa vai demorar muito. Te pago uma cerveja assim que der, pode ser? Porque a gente se entende assim. Menos palavras. E nesse ponto elas não fazem falta. Como teu padrinho, preciso te lembrar pra ter juízo, ok? Nada de bungee jumps malucos! Você é meu pedaço Bob Dylan.

Hi five triângulo pra vocês!

sábado, 1 de janeiro de 2011

1.1.11

Meu 2010 começou em Rio Negrinho. Eu usava uma calça preta, a mesma que tinha usado durante o dia inteiro, e no dia anterior. Tinha nos pés um tênis emprestado, imundo dos últimos dias de chuva e barro. Usava também um casaco cinza de lã, não muito novo. A cor da calcinha... Não faço ideia. Ao meu redor, 5 grandes amigos e mais uma porção de gente bacana.

Aí, em março, eu terminei uma faculdade. Formatura longa, com pais orgulhosos e seguida de baile.

Ao me formar, ganhei meu primeiro carro. Presente do meu pai (e da minha avó, de alguma forma).

Logo em seguida, fui para a Europa pela primeira vez. Encontrei meu namorado em Paris. Viajamos também para Praga, para Bruxelas e para Bruges.

Logo que voltei, completei 25 anos.

Em agosto, peguei as chaves do meu apartamento, comprado com anos de economia para a entrada, mais outros muitos de financiamento.

Então, em setembro, fui enviada a Atenas para um congresso do trabalho. Oportunidade maravilhosa de crescimento profissional, com viagem à Grécia de lambuja.

Depois da conferência, aproveitei pra tirar mais uma folga com o gato, e viajamos alguns dias por Mykonos e Atenas.

Ao voltar pra casa, muito trabalho. Mas muito mesmo. Não que eu não tivesse trabalhado até então, mas o ritmo foi intenso. Foram vários desafios, alguns erros, alguns bons acertos, muitos cigarros e, noves fora, tudo deu certo.

Ontem, eu estava com um vestido cor-de-rosa e sandália rasteirinha. Cabelos soltos, parecia a Barbie. Novamente, eu estava rodeada dos mesmos 5 amigos, mais 2 pessoas bacanas da virada anterior que tornaram-se bons amigos, mais outra porção de gente bacana.

Não lembro bem o que desejei na virada para 2010. Lembro sim de quem estava comigo, e de como tudo foi tão divertido e marcante.

Ontem também foi assim. Quando nossa meia noite passou, o que eu queria era abraçar quem estava comigo, e dividir toda a alegria que tive em 2010, esperando que cada um daqueles abraços pudesse ajudar a compartilhar tanta coisa boa que aconteceu comigo.

No primeiro dia de ano novo, faço isso aqui também. Divido minha alegria, e espero que ela se multiplique pra você. Seja feliz em 2011!