domingo, 3 de abril de 2016

Para Miguel… e para Júlia também!

Seja bem-vindo, querido Miguel!

Bem-vindo ao clube dos aniversariantes de abril. É um mês lindo pra se nascer. Lá na nossa terra, o outono já está fazendo a maior bagunça nos quintais, e soprando um ventinho que faz com que abraço e colo fiquem muito mais gostosos. E nesse canto do mundo onde chegaste, a primavera deixa a gente alegre com tanta cor e perfume. Fito Paes, um artista argentino, tem uma música chamada Bello Abril. Ele escreveu essa canção pra uma moça, mas o que me deixa feliz quando a escuto é que ela diz que quando chega abril, não temos solidão. Pra mim, abril é o mês do abraço. E agora ele é seu também!

Você chegou um pouco mais cedo do que o esperado, mas se existe uma família perfeitamente pronta pra lhe receber, é a sua! Eu tenho a impressão de que o último ano foi uma loucura aí na sua casa. Muitas mudanças, muitas adaptações, muitas ansiedades. Não me entenda mal, isso tudo faz parte da vida. Mas é preciso reconhecer que houve uma concentração de energias diferentes pra sua mãe, pro seu pai e pra sua irmã nos últimos 12 meses. E eu acho que você chega justamente pra completar esse ciclo. A vida da sua família não será mais a mesma, e eu aposto que eles mal podiam esperar por isso.

Eu vi uma foto da sua mãe com você hoje, mais cedo. Se um dia precisarem de uma imagem pra representar felicidade no dicionário, essa foto é forte candidata! Você, obviamente, estava se banhando nessa fofura descontraída de um bebê com horas de vida. E a sua mãe, cara... Alegria, realização, beleza, força. Felicidade pura. Escrevo essa parte sorrindo, só de lembrar dos olhos dela. Ganhaste na loteria, meu amigo. Essa mulher vai tomar conta de você com todas as forças que ela tem. E isso ela tem muito!

Eu pensei, pensei e não achei uma boa anedota pra escrever sobre o seu pai no dia de hoje. Não por ele não estar explodindo de felicidade e emocionado com a tua chegada. A questão é que eu não estava ai pra ver, e ele estava ocupado fazendo tudo que podia pra que você e sua mãe ficassem bem. E isso não aparece em foto. Isso ninguém me contou ainda. Eu sei, porque sei que ele sempre vai fazer absolutamente tudo pra garantir que você e sua família estejam bem. Eu sei que ele se preocupa com todos os detalhes, e que ele está disposto a qualquer coisa pra lhe proteger. Então eu sei que ele está por trás da foto feliz do último parágrafo, e que sem ele essa foto não seria tão linda. He’s got your back, kid! Tenho certeza absoluta disso.

Juju hoje vira, oficialmente, uma irmã mais velha. Eu poderia dizer que espero que isso não signifique que vocês dois vão enlouquecer um ao outro frequentemente na próxima década (ou um pouco mais). Mas, querem saber? Algumas das melhores histórias de vida que tenho são das brigas ou das molecagens arquitetadas com meu irmão. E das conversas, depois disso. E do laço incrivelmente forte que nos une hoje. E de como ele foi meu primeiro melhor amigo. Então, Juju e Miguel, eu acho que não vai dar pra evitar uma briguinha aqui ou ali. Mas peguem leve, ok? O objetivo é aprender a dividir e se defender, um ajudando o outro a ter uma ideia de como as pessoas funcionam. Mas não é pra fazer experimentos sobre até que peso dá pra colocar alguém na secadora, ou qual o efeito quando se mistura óleo de soja no xampu. Hoje vocês dois ganharam o presente de ter um parceiro pra vida toda. Um pedaço misturado do seu pai, da sua mãe, e até de vocês mesmos. Alguém que não foi escolhido, mas que vai ser importante pra sempre. E com quem compartilhar chocolate, brinquedos e lembranças será melhor do que imaginam.

Dito isso, acho que já estiquei essa carta de boas vindas muito além do que devia.
Miguel, bem-vindo a esse mundo doido. Você vai adorar!
Júlia, bem-vinda ao clube das irmãs mais velhas, minha flor! É uma das minhas funções favoritas! =)

Família Silva e Freitas, desejo toda felicidade do mundo pra vocês! De coração!
Um grande abraço!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Carta para Gabriel

Peque, eu sei que tua carta tá atrasada.Escrevi pra alguns dos teus primos bem no dia em que eles nasceram. Eu estava longe, com afeto borbulhando dentro de mim, pedindo pra sair por algum lugar. Saiu aqui. Hoje é o teu terceiro mêsversário e estou longe de ti. Não dava mais para adiar.

Quando tu nasceste eu estava bem perto. Com a cara colada no vidro, mais precisamente. Pensei e preparei muitas coisas para aquele dia. Separei uma roupa, avisei no trabalho. Gravei vídeos de vários momentos, com a intenção de fazer uma grande produção cinematográfica da tua estreia no mundo. Aí teu pai apareceu vestido de hospital contigo no colo. E aí me derreti. Tudo que tinha planejado pr'aquele momento se perdeu na alegria que senti quando te vi. Eu sei, parece meio exagerado. Mas foi isso mesmo, cara. Deu um tremelique, um frio na barriga. E eu fiquei bocó. Sem condições de escrever algo que meu narcisismo me permitisse publicar. Pelo menos naquele dia.

Várias coisas daquele fim de tarde se misturam e confundem na minha cabeça agora. Tinha teu pai contigo ali, tua mãe em algum lugar que eu não sabia aonde. As enfermeiras estavam te cutucando do teu lado do vidro, eu sei. Mas acredite: do outro lado havia parentes, amigos e estranhos se cutucando também. Eu fui parar até dentro de um grupo de amigos da tua mãe pra ajudar a tua dinda a mandar notícias de ti. E eles nos cutucavam ferozmente, em busca de informações, pra saber se estava tudo bem. Tenho até registrada uma conversa de comemoração de 1 hora do teu nascimento. Naquele dia, fui pra casa meio zonza. Naquele dia, fui pra casa TIA.

Eu poderia aproveitar aqui pra falar do quanto o teu pai foi o primeiro amigo de verdade que tive na vida, do quanto a tua mãe é uma das mulheres mais fortes que já conheci, do quanto teu dindo é a pessoa que eu mais acho parecida comigo no mundo, do quanto o vô Luis é uma cópia do vô que eu tive a oportunidade curtir por tão pouco tempo, do quanto o amor da vó Lúcia por ti faz com que ela sorria só de ouvir teu nome. Eu poderia te contar também que, apesar de não ser muito próxima da vó Benilda ou da tua dinda quando você chegou, dava pra ver sem fazer força que elas te esperavam muito, e te amaram e protegeram desde o teu primeiro minuto de vida. Eu poderia falar de várias pessoas, peque. Mas vou falar de mim.

Eu estou longe de ti agora, e talvez fique longe por muito tempo. Talvez a gente se encontre poucas vezes por ano, e eu prometo tentar não repetir a cena que fiz na nossa primeira despedida. Eu preciso que tu saibas que, mesmo de longe, tu podes contar comigo sempre. Eu posso não estar aí pra segurar tua mão quando estiveres aprendendo a andar, mas vou acompanhar e torcer por ti a cada passo. Eu não sei se vou ouvir as tuas primeiras palavras, mas vou estar aqui a qualquer hora pra conversar quando precisares. Talvez eu não esteja por perto quando aprenderes a amarrar os tênis, a escrever o teu nome, ou a trocar de canal na TV (pra tirar do futebol), mas eu posso te ajudar a achar um tutorial no YouTube pra isso. Aham! E é pouco provável que eu esteja aí quando ganhares o teu primeiro simulador de realidade virtual, mas eu sei que assim que der tu vais me ensinar como ele funciona.

Gabi, eu não sei como o mundo vai estar quando você tiver idade o suficiente pra entender o que tem nessa carta. Hoje eu rezo por mais tolerância, mais respeito, mais empatia, mais solidariedade. Espero que quando chegar a hora de te explicar isso, eu possa começar com “é que naquela época...”. Sinto um compromisso maior em fazer do mundo um lugar melhor desde que você chegou nele, cara. E vou fazer tudo que puder pra isso.

Te amo, e tô com muita, muita saudade!
Beijo da tia de longe!