A gente acha que sabe o que é medo. Aquele mal estar na hora
da injeção, a vontade de virar o rosto no meio de uma cena de suspense na TV, o
frio na barriga ao olhar pra baixo em uma ribanceira.
Aí vem um susto daqueles sérios de verdade e a gente pensa
que trocaria aquela sensação horrível por qualquer agulha, monstro no armário
ou pulo de paraquedas. Por que nessa
hora não há como fechar o olho, olhar pro lado ou não olhar pra baixo. O medo
está em cada canto do teu pensamento.
Nessa hora, amigo, quem tá do teu lado não faz o medo
passar, e nem é essa a função dessa(s) pessoa(s). Ela tá ali pra não te deixar
paralisado pelo pânico. Ela tá ali pra te ajudar a ver que uma hora ou outra
isso vai passar. Você vai ficar alegre ou triste depois que passar. Mas você
vai ficar bem.
A cada dia que passa eu tenho mais certeza de que, na hora
do desespero, não adianta correr pras montanhas. E por mais que a vontade seja
de ficar sozinha e organizar o pensamento, cada vez que corro pra perto de quem
amo em uma hora dessas vejo os sintomas do pavor irem se diluindo em uma
realidade compartilhada que ainda pode ser de medo, mas em uma forma bem suportável.
Cada família tem uma dinâmica própria e uma forma de lidar
com as coisas. A minha não é daquelas de entrar em profundas discussões pra buscar
soluções. A gente fecha a cara e sai resolvendo as coisas, fazendo muita piada no
processo que é pra espantar os maus pensamentos. E funciona. E eu tenho a
melhor família que poderia ter.
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